sábado, 14 de agosto de 2010

Avé Metal

Imponente voz gutural,
Que soa por entre a multidão.
Compassada pela explosão,
Pelos estilhaços sonoros da bateria.
Junto ao grito da guitarra,
Tornando aquele momento imortal.
E o baixo? No seu rugido não submisso?
É a ilusão de que esta conjunção massacra,
Que não passa de mais uma obscura ironia.
E para aqueles que o acham um lixo?
O que importa os achares desses restantes,
Quando a sinfonia melancólica,
Ganha vida nos corações e mentes,
De toda a gente musicólica.



Ganha a palavra um novo significado,
Ganha timidamente uma vida audível.
Não importa se no final foi improvisado,
Mas sim, se foi tornada a paixão incrível.
A paixão que se satisfaz com o toque do som.
Que mergulha na consciência, atenuando o mundo,
Atenuando toda a dor e sacrifício,
Das exigências existenciais.
Porque não pode considerar-se bom?
Qual o mal de tocar o segredo profundo,
Revelar que ele não é um malefício?
É só mais uma chamada para os sentimentos reais.


É viver o momento com vontade.
Esquecer o peso da batalha diária.
Abrir os olhos para aquilo em que se perdia.
Abrir o coração para aquela realidade.


Batidas num peito fundidas com as baladas,
O uníssono de vozes tentando alcançar o céu.
Encontrar as suas almas há muito perdidas,
É como encontrar o tesouro debaixo de um véu.
Vibrações incessantes enfeitiçando suas vontades,
Fazendo sonhar mais alto, desejar torná-las reais.

 
O ultimo suspiro surge com o refrão,
Abafando, com peso, todo o ar,
Uma tristeza submersa por chegar,
Por chegar um até já, nas entrelinhas.
E como bons cidadão que são,
Quentes ficam os seus corações,
E voltam para as suas vidinhas.
Os fãs das pesadas emoções.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O castigo do Descrente

A profana voz da antiga besta adormecida,
Soou como o forte ribombar de uma derrocada.
Os ódios manifestos que se alimentam e crescem,
Nos corações e nas almas não só dos que progridem.

Venha a velha crença aturdi-los,
Venha a velha crença iludi-los.
Pois com toda a sua força perdida,
Tudo poderia recuperar, a iluminada,
Encher com toda a sua luz e esperança,
E toda a alma encher-se de bonança.

Os demónios tentadores do desassossego,
Os inimigos do raciocínio que impulsionam o ego.
Os que cegam a visão, os que lançam a ilusão.
Os que facilmente nos prendem na negação.

Onde encontram a coragem para nos guiar?
Como conseguem eles tanto nos ludibriar?
Marcham no exército da decapitação,
Onde, facilmente, nossa mente carregarão.

Tão negro soam os seus passos,
Porque de negro vão carregados.
Tenta nos afastar da devassidão,
Mas com a verdade todos lá cairão.

É essa a fé que move montanhas,
Mas sem ela mover-se-ão na mesma.
Um passo mais próximo do real,
Fugindo para longe das façanhas,
Para longe da maldita blasfémia.
Para longe da centelha celestial.

Julgados pelos desencantamentos,
Sentenciados com os afastamentos.
Seguidores de caminhos diferentes,
Castigados, por sua mente, sofredores.