sábado, 17 de julho de 2010

O Anjo Silenciador

O silêncio ensurdecedor alcançou-me.
Ela usa as vestes do sonho,
Com um sussurro ela vai iludir-me,
E me deixar morrer no enfadonho.

As vozes humanas da minha vida,
Se perdem no desmoronar sereno,
Para me lançarem na sua ferida,
Para me afogar no seu negro terreno.

O vento sonolento nada me diz,
Sou só mais uma mera infeliz.
Que com alma se deixou levar,
Que pelos segredos se deixou amar.

Venha ela calma e galante,
A eterna e apaziguadora,
Do nada, pura amante,
Da vida, talvez, uma mentora.

Não é o foice que corta,
Não é um beijo que sela,
Mas o frio que me faz morta,
É a morte, senhora e bela.
Das almas detentora,
Até ao fim, cumpridora.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Para o músico...


Sabes quanta dor mergulhou no meu peito?
Sabes quantas paixões ferveram no meu peito?
Sabes quantas desilusões me acordaram?
Sabes quantas alegrias me iludiram?




Vidas que palpitam sobre as tuas pautas,
Histórias partilhadas quando as cantas.
Dedicação para ti é escrever uma canção,
É escolher os dedos com que formas a ilusão.




És indiferente à vida, indiferente a mim,
Sentes o timbre vibrar pelos teus ouvidos,
Sabes que isso sim, poderá ter um fim,
Mas esqueces que na relação estamos perdidos.


Nas folhas em que escreves,
As notas que te tocam,
Nem sempre são livres e leves,
Elas prendem tudo aquilo que evocam.




Dizes-me que a fizeste numa flor.
Para afastar toda aquela dor.
Todo o peso que elas contêm,
Fazem-nos querer ir mais além.