O silêncio ensurdecedor alcançou-me.
Ela usa as vestes do sonho,
Com um sussurro ela vai iludir-me,
E me deixar morrer no enfadonho.
As vozes humanas da minha vida,
Se perdem no desmoronar sereno,
Para me lançarem na sua ferida,
Para me afogar no seu negro terreno.
O vento sonolento nada me diz,
Sou só mais uma mera infeliz.
Que com alma se deixou levar,
Que pelos segredos se deixou amar.
Venha ela calma e galante,
A eterna e apaziguadora,
Do nada, pura amante,
Da vida, talvez, uma mentora.
Não é o foice que corta,
Não é um beijo que sela,
Mas o frio que me faz morta,
É a morte, senhora e bela.
Das almas detentora,
Até ao fim, cumpridora.