Este conto é baseado numa história verídica. Um momento de nostalgia para alguém que me é muito querido e que também tem as suas histórias (com qualidade) do passado para contar. As quais oiço com muita satisfação e carinho. Obrigada por as partilhares comigo.
Assim, em homenagem à minha mãe e suas memórias da infância, dedico-lhe este conto, adaptado e inspirado pela sua história.
Mas, também gostava de lembrar que hoje faz um ano em que decidi publicar a minha paixão. As minhas pequenas escritas, os contos da mente, que guardava no meu coração (computador), que com pouca gente compartilhava. Mas, neste mesmo, há um ano atrás surgiu uma nova porta, uma partilha que me deu uma nova dedicação para aqueles que aqui se perdem. Obrigada a todos os que visitam, comentam e que por aqui têm seguido. O TDMN irá continuar por um bom tempo, enquanto eu estiver por aqui. Com uma maior ou menor frequência, mas sempre por aqui.
Mas por agora, deixo-vos com este novo conto. Não se esqueçam de comentar. Bom ou mau, um comentário construtivo (ou não) é sempre uma mais valia.
Entre os murmúrios nocturnos e o sorriso gélido desenhado no céu, onde uma Lua em quarto minguante quebrava a escuridão do céu, havia uma linha ténue entre o real e a fantasia. Os seus olhos piscaram. Ele não conseguia acreditar na beleza que testemunhava. Como aquela luz suave iluminava os topos das árvores cobertos por uma fina camada de gelo. Sombras que dançavam ao sabor do vento, por entre muros e paredes vazias.
Seus pés afundavam na terra enlameada. Fazendo um “blok” sonoro ao se levantarem de novo. Ele gostava da noite. Gostava do ar tristonho que o Inverno trazia. Quase todos os dias aquele era o seu caminho. Sabendo que era observado por olhares curiosos. Ele procurava evitar que os seus cães ladrassem ou uivassem dentro da vila. O senhor Carmo liderava a saída. Preparado para o frio e mais uma noite, ralhando num tom brusco, quando algum dos seus cães ladrava.
Algum tempo depois de o Sol se deitar. Dos fundos de uma rua de casas antigas, era ele o homem cuja gabardina negra o diluía na noite, rodeado por uma matilha de criaturas esplendorosas, de puro-sangue, que deixava a sua moradia. Muitas caudas se agitavam, prevendo uma longa noite de diversão. Narizes húmidos cheirando cada poste ou parede, e uma ou outra pata alçada marcando o seu território.
Numa dessas maravilhosas noites de Inverno, daquelas em que o frio se torna mau companheiro, um grupo de adolescentes deambulava na rua, conversando alto e alegremente, tentando encontrar o caminho de volta para casa. Tocados pela bebida, olham-no com estranheza, desviando-se da matilha dos caçadores quadrúpedes, que infestam a rua com urina e alguns dejectos. O homem passa por eles sem nada lhes dizer, fechando a sua gabardina em redor do pescoço, carregando às costas uma mala comprida.
De olhos arregalados, os dois adolescentes testemunharam mais uma saída misteriosa do seu vizinho. Um homem que raramente sai de dia, vive rodeado da matilha de treze cães e que parece ter uma grande fortuna. Sai a altas horas da noite voltando apenas no outro dia de manhã., todo enlameado ou cheio de pó, ramos secos e outras imundices suspeitas.
Nunca ninguém falou com ele realmente. Uma conversa ou outra de ocasião e circunstância, mas nunca nada pessoal que lhe permita ter uma relação de amizade, ou, pelo menos, que permitisse às pessoas saber um pouco mais acerca dele. Muitas são as especulações da sua forma de sustentação:
“É filho de gente rica, não precisa de trabalhar.” Essa é a preferida dos populares. No entanto, há outras versões que incomodam as pessoas. Que estão na origem de um medo, que se propaga de mansinho pela população.
Matias e os seus amigos, são crianças de oito e nove anos que vivem na mesma rua que o Senhor Carmo. Cresceram a ouvir histórias fantásticas, sobre criaturas místicas e lendárias da sua terra. Brincam durante a tarde pela rua. E numa das partidas de futebol, utilizaram os portões da moradia do senhor Carmo como baliza. Mas, numa das investidas dignas de um jogador de futebol de tenra idade, passou os limites da entrada, caindo a bola junto ao enorme canil. Cães de raças puras, excelentes na arte da caça, ou na busca ou ataque à peça, ou até mesmo porque perseguem a presa, revelando o seu esconderijo ao dono. Ladraram furiosamente a Matias. Que tendo a bola na mão, corre em direcção ao portão. Mas um vislumbre junto à casa, fê-lo parar. O seu coração salta dolorosamente com o susto. Um enorme homem com capa negra levava qualquer coisa na mão. Entrou no pátio, deixando-se banhar pela tímida luz do sol que penetrava por entre as folhas do salgueiro-chorão. A cara manchada pela terra, o cabelo húmido escorrido em redor do rosto, roupas sujas e enlameadas com alguns rasgões e uns olhos profundos. Tão profundos que, por momentos, Matias pensou que olhava para um fantasma. Soltou um grito agudo, como uma menina assustada, largou a bola e correu até ao portão, assustando os seus amigos, que correram atrás dele, fugindo sem saber ao certo do quê. O homem olhou com tristeza para a bola que rebolou até aos seus pés.
- Que sorte a vossa. – Disse para os cães. – Parece que ganharam um brinquedo novo. – Baixou-se para pegar na bola e atirou-a para dentro do canil. – Mas agora está na hora de comer.
As crianças correram até aos contentores do lixo que se encontravam a meio da rua. Escondendo-se na parte de trás.
- Matias o que é que se passou? – Perguntou um dos rapazinhos, ainda recuperando o fôlego, com as mãos apoiadas nos joelhos.
- Eu vi o Lobisomem! – E espreitou, para ver se tinham sido seguidos. – Ele estava com as roupas rotas. Parecia mesmo que tinha acabado de se transformar em humano. – Ele disse com os olhos muito abertos, dando um ênfase exagerado no seu relato. – Ele é peludo e estava todo sujo.
- A minha avó disse que o ouviu ontem a passar lá à porta. – Disse outro rapaz, com uns óculos de lentes grossas. – Aposto que ontem saiu para se transformar e que quando o viste tinha acabado de voltar.
- Eu até deixei cair a bola. – Disse Matias.
- Nós calculámos. – Disse o rapaz que ainda se apoiava nos joelhos. Com a respiração mais normalizada. – Aposto que foi quando te ouvimos gritar.
- De início pensámos que tivesse sido uma rapariga. – Disse um outro rapaz, ruivo, fazendo com que os outros se rissem, ao se lembrarem.
- Eu gostava de vos ver frente a frente com o lobisomem. Aí, já não riam de certeza.
Marcados pelo sucedido. Matias e os amigos contaram a sua história aos colegas de escola, pais, professores, avós… a todos que falassem do assunto. Juntamente com a história dos bêbados e de outras pessoas que assistiram a situações insólitas por parte do senhor Carmo, depressa ele passou a ser conhecido como o Lobisomem. O misterioso homem com as barbas mal cortadas que saia todas as noites com a sua matilha de cães, vestindo roupas escuras, tornou-se um caso popular. O mistério que intrigava pessoas de todas as idades.
Continua...
A arte é assim:
ResponderEliminarLuna de além-mar busca na posição da Luna tropical, um sentimento;
Luna tropical busca na curva da Luna de além-mar, um exagero;
E a soma das Lunas, busca na pedra, uma pessoa.
Estive por aqui entre contos, Lunas e artes!
Abraços.
Direto do Brasil
conto bem feito... ares de realidade e mistério.
ResponderEliminaramei.
http://terza-rima.blogsspot.com/
Olá Luna, a quanto tempo..
ResponderEliminarGostaria de dizer PARABENS pelo teu ANIVERSARIO DE UM ANO DE BLOG!
E, principalmente para ir até o NOSTALGICO ALLSTAR VERMELHO retirar teu premio!
Estava guardando algo bem interessante para te premiar pela sua BOA FORMAÇÃO DE OPNIAO!
http://nostalgico-allstar-vermelho.blogspot.com/2010/09/alguns-selos-atrasados-e-um-novinho.html
Espero que leia o texto todo, heim.
Beijocas moça, Parabens em Dobro pra ti, qualquer coisa, mande-me e-mail.