- Achas que isto é hora de estares deitado? – Uma mulher gritou enquanto entrava no quarto de Daniel. Ele nem se moveu na cama. – Onde é que isto já se viu? – A mulher abriu a janela de maneira a que intensos raios de Sol banhassem todo o quarto. Daniel colocou a almofada sob a cabeça.
- Mãe! Estou de férias. Tenho direito a uma manhã! – Ele resmungou por debaixo dos lençóis.
- A manhã já acabou quase a uma hora atrás. – Daniel ouviu passos a aproximarem-se. – Já é quase uma da tarde! São horas de ires almoçar.
- Só mais cinco minutos…
- Ok! Cinco minutos com muita música. – A mulher foi até a aparelhagem de Daniel e ligou na parte do rádio. Uma música dos Green Day começou a tocar, de uma estação de rádio local. – Parece-me que o som está bom. É a altura a que costumas por isto a tocar. – Não se ouviu nenhuma porta a fechar. Carlos levantou-se e o quarto estava vazio. Foi em direcção à aparelhagem e baixou o som. A mãe dele está sempre a ralhar com o volume a que ele põe as musicas, e as vizinhas também resmungavam, até se habituarem. Ele foi até à casa de banho e depois desceu até à cozinha. Daniel vive sozinho com a mãe desde há quatro anos atrás. O pai morreu de cancro no pulmão, deixando-os sozinhos.
- Bom dia, mãe. – Ela estava junto ao fogão, mexendo numa panela de puré de batata.
- Boa tarde, queres dizer. – Daniel sorriu.
- Ontem cheguei tarde.
- Eu sei. Onde estiveste até aquela hora?
- Fui a casa da Maria pedir desculpa por uma coisa que fiz. – A mãe levantou uma sobrancelha. – E depois fui até à ribeira para pensar um pouco.
- Arrependeste-te de ir pedir desculpas à tua amiga?
- Não mãe.
- Valha-me Deus! É a primeira vez que tenho conhecimento de que pediste desculpa a alguém. Costumas ser tão orgulhoso e teimoso.
- Mas desta vez tive que pôr o orgulho e a teimosia de lado…
- Gostas mesmo dela. – A mãe de Daniel pousou a panela na bancada, e ficou a olhar para ele. Os seus olhos indicavam algo que ele não se sentia confortável ao testemunhar. Era aquele olhar materno de quando uma mãe vê o filho crescer. – Dentro de um ano vais para a faculdade. – Os olhos começaram a brilhar. – Às vezes esqueço-me de como estás crescido.
- Oh mãe, não comeces! – Daniel refilou enquanto enchia o prato com sopa de hortaliça.
- Desculpa. Mas é daquelas coisas que uma mãe tem que falar. – Ela sentou-se junto de Daniel, servindo-se também de sopa. – Já pensas-te para que faculdade vais?
- Já sei para que possíveis faculdades vou, mas não sei qual escolher em primeiro. – Daniel levou uma colher à boca. A mulher fixou o prato que tinha á sua frente.
- Vou-me sentir sozinha quando te fores embora.
- Podes trazer a avó para cá. – Ele olhou para ela. – Ela vem de certeza com toda a vontade.
- Eu sei, mas sabes que no estado de saúde dela está melhor na cidade. Pelo menos se ela se puser mal, está mais perto do hospital.
- A avó da Maria também vai ficar sozinha, provavelmente. Sempre podes ir visitá-la. – A mulher olhou para ele.
- A senhora Medina vai quase de certeza para casa do filho. Ela só não foi para lá depois da morte do marido, porque a neta se ofereceu para vir tomar conta dela.
- Com é que sabes isso?
- É o que toda a gente diz na aldeia. A miúda é uma jóia de pessoa, vem buscar as coisas à mercearia, faz companhia à avó, vem à farmácia buscar os medicamentos e até pede conselhos às farmacêuticas sobre os cuidados que tem que ter com os diabetes e a tensão arterial da avó.
- É. – Daniel sabia pelo menos parte da história de Maria.
Anteontem, quando ele e Maria tinham ido dar uns mergulhos à ribeira, ela parecia triste. Daniel tentou-a distrair falando sobre o que se tinha passado com o senhor Medeiros, mas ela começou a chorar descontroladamente. Daniel ficou muito atrapalhado, embora já se tenha deparado com uma mulher a chorar assim, a sua mãe no dia do funeral do pai, ele nunca se deparara com uma rapariga da idade dele naquele estado. Passou um braço sob os ombros e tentou perceber porque é que a amiga chorava. Maria desabafou tudo inesperadamente. Daniel nem teve tempo de pensar como deve ser em tudo o que Maria lhe contava.
- O que é que estás a dizer Maria? Isso não é …
- Possível? – Ela soluçou fortemente, libertando-se do seu abraço. – É possível sim! Lembras-te quando eu te disse que estava com um mau pressentimento acerca do senhor Medeiros? – Daniel acenou e de repente começou a abanar a cabeça.
- Mas isso não quer…
- Eu tinha visto tudo. Eu sonhei com o desaparecimento dele! – Grossas lágrimas caíam pela face oval de Maria. Daniel sentiu necessidade de a confortar, mas ela tinha-se afastado dele, agitando os braços nervosamente enquanto falava. – Há anos que tenho estes estúpidos pesadelos. Os meus pais não aguentaram e mandaram-me para a minha avó, para não ser enviada para um outro sitio qualquer de malucos!
- Estás perturbada com alguma coisa. – Daniel tentou aproximar-se, mas Maria afastou-se. – Tu não podes ter sonhado com o que se passou antes de acontecer.
- Mas sonhei. – Ela encostou-se a uma grande rocha. – E não fiz nada em relação a isso.
- Maria. Tu estás confusa. – Daniel tentou racionalizar aquilo que ouviu. E passou-lhe Tatiana pela mente. A perita em partidas. – Por vezes acontece…
- Não Daniel! Tu não estás a perceber. – Ela levantou-se e afastou-se mais um pouco dele. – Eu sonho com estas coisas antes de acontecerem.
- Maria, eu percebo que estejas perturbada com alguma coisa. Se não me queres contar tudo bem. Mas não esperas que eu acredite nisso, pois não?
- O quê? – Maria pareceu levar com um chapo de água gelada. – Mas é verdade.
- Eu não acredito nisso de prever o futuro seja através de uma bola de cristal, pela leitura das linhas de uma mão ou por sonhos. – Maria olhou esbugalhada para Daniel, e mais lágrimas apareceram. Ele afastou-se dela e virou-se para a ribeira. – Eu já tinha notado que hoje não estás nos teus dias. Mas se não me quiseres contar porquê, não precisas de me falar em sonhos premonitores.
- Daniel…
- Por amor de Deus. – Ele voltou a olhar para ela. – Eu gosto de ti Maria, e sou teu amigo de verdade. Mas não gosto que faças de mim parvo. – Ele foi até à rocha e pegou na sua mochila.
- Eu nunca fiz de ti parvo. Estas coisas simplesmente me têm acontecido. Não é fácil lidar com elas. E porque motivo eu te ia mentir?
- Eu não sei. Mas parece-me que estás a gozar comigo. – E afastou-se dela sem olhar uma única vez para trás. Sabendo que os olhos de Maria o queimavam por trás. Mas sentia que estava a ser gozado, vítima de uma piada tonta, provavelmente planeada com Tatiana.
A cena foi relembrada na cabeça de Daniel. Na verdade ele ainda não acreditava nos sonhos de Maria, mas foi incapaz de sossegar nessa noite, sabendo que ela poderia estar triste com ele.
- Ouviste? – A mãe agitou uma mão na frente de Daniel.
- Desculpa mãe. Estava distraído a pensar.
- Eu estava a dizer que hoje, se fores ver a Maria podia levar-lhe algumas beringelas. Temos muitas e já estão maduras. Vão começar a estragar-se se não forem comidas agora.
- Claro. Eu levo-lhe algumas.
- É verdade. O tio da Tatiana, o senhor Manuel teve um acidente de carro. Ia com a família toda e parece que ele está muito mal.
- Oh. Quando é que isso foi?
- Parece que foi de manhã cedo. Acho que a Tatiana e os pais já foram para a cidade ter com eles ao hospital.
- Tenho que falar com ela depois.
- Faz isso.
Depois de almoço, Daniel foi apanhar beringelas à horta. A ideia do acidente do senhor Manuel assombrou-o por algum tempo. Mas depois lembrou-se de Maria. Ele sabia que alguma coisa se passava com ela. Ela não era do tipo de mentir, alguma coisa devia estar a correr mal na vida dela. Mesmo influenciada pelas parvoeiras de Tatiana, Maria jamais gozaria com ele. Ela não era desse tipo. Aquela conversa do pressentimento de Maria era verdade, mas não provava nada. Mas foi isso que o convenceu de que Maria tinha mesmo um problema e de que não era uma partida. Daniel foi pedir desculpa, mas sabe que vai ter que fazer mais do que isso. Ele desconfia que ela tem algum tipo de alucinações. A avó de Maria não é o tipo de pessoa que esteja em condições de notar essas coisas. Por isso não ia ser uma grande ajuda a Daniel. Mas Daniel lembrou-se de algo que Maria tinha sempre com ela. Um caderno de capa roxa, com o desenho de uma meia-lua preta na capa. O diário de Maria. Se Maria não lhe contasse a verdade, ele iria ter que ler o diário dela.
- Isso está errado… – Daniel sussurrou para ele mesmo. Enquanto enfiava com as beringelas num saco.
- A falar sozinho? – Uma voz em tom de gozo soou.
- A pensar alto. – Daniel estreitou os olhos. – É um pouco diferente.
- Eu não costumo pensar alto. – Um rapaz musculado, alto e robusto estava encostado á parede que limitava o quintal.
- Oh. Tu pensas? – Daniel gozou.
- Não te estiques! – Rosnou o rapaz de cabelo ruivo, debruçando-se ainda mais no muro, com um dedo esticado.
- Tenho mais que fazer, do que discutir coisas óbvias contigo. – Daniel virou-lhe as costas e foi para casa, carregando o saco cheio de beringelas numa das mãos.
João era a pessoa mais irritante que ele conhecia. E tinha logo que ser seu vizinho. Na sua opinião era burro que nem uma parede, e convencido a dobrar. Ele e a sua mota eram o centro do mundo naquela sua cabeça de vento. Daniel abanou a cabeça, como a tentar afastar o João da sua mente. E voltou a concentrar a sua atenção num plano para conseguir ler o diário de Maria, sem que ela o apanhasse.
- Mãe! Estou de férias. Tenho direito a uma manhã! – Ele resmungou por debaixo dos lençóis.
- A manhã já acabou quase a uma hora atrás. – Daniel ouviu passos a aproximarem-se. – Já é quase uma da tarde! São horas de ires almoçar.
- Só mais cinco minutos…
- Ok! Cinco minutos com muita música. – A mulher foi até a aparelhagem de Daniel e ligou na parte do rádio. Uma música dos Green Day começou a tocar, de uma estação de rádio local. – Parece-me que o som está bom. É a altura a que costumas por isto a tocar. – Não se ouviu nenhuma porta a fechar. Carlos levantou-se e o quarto estava vazio. Foi em direcção à aparelhagem e baixou o som. A mãe dele está sempre a ralhar com o volume a que ele põe as musicas, e as vizinhas também resmungavam, até se habituarem. Ele foi até à casa de banho e depois desceu até à cozinha. Daniel vive sozinho com a mãe desde há quatro anos atrás. O pai morreu de cancro no pulmão, deixando-os sozinhos.
- Bom dia, mãe. – Ela estava junto ao fogão, mexendo numa panela de puré de batata.
- Boa tarde, queres dizer. – Daniel sorriu.
- Ontem cheguei tarde.
- Eu sei. Onde estiveste até aquela hora?
- Fui a casa da Maria pedir desculpa por uma coisa que fiz. – A mãe levantou uma sobrancelha. – E depois fui até à ribeira para pensar um pouco.
- Arrependeste-te de ir pedir desculpas à tua amiga?
- Não mãe.
- Valha-me Deus! É a primeira vez que tenho conhecimento de que pediste desculpa a alguém. Costumas ser tão orgulhoso e teimoso.
- Mas desta vez tive que pôr o orgulho e a teimosia de lado…
- Gostas mesmo dela. – A mãe de Daniel pousou a panela na bancada, e ficou a olhar para ele. Os seus olhos indicavam algo que ele não se sentia confortável ao testemunhar. Era aquele olhar materno de quando uma mãe vê o filho crescer. – Dentro de um ano vais para a faculdade. – Os olhos começaram a brilhar. – Às vezes esqueço-me de como estás crescido.
- Oh mãe, não comeces! – Daniel refilou enquanto enchia o prato com sopa de hortaliça.
- Desculpa. Mas é daquelas coisas que uma mãe tem que falar. – Ela sentou-se junto de Daniel, servindo-se também de sopa. – Já pensas-te para que faculdade vais?
- Já sei para que possíveis faculdades vou, mas não sei qual escolher em primeiro. – Daniel levou uma colher à boca. A mulher fixou o prato que tinha á sua frente.
- Vou-me sentir sozinha quando te fores embora.
- Podes trazer a avó para cá. – Ele olhou para ela. – Ela vem de certeza com toda a vontade.
- Eu sei, mas sabes que no estado de saúde dela está melhor na cidade. Pelo menos se ela se puser mal, está mais perto do hospital.
- A avó da Maria também vai ficar sozinha, provavelmente. Sempre podes ir visitá-la. – A mulher olhou para ele.
- A senhora Medina vai quase de certeza para casa do filho. Ela só não foi para lá depois da morte do marido, porque a neta se ofereceu para vir tomar conta dela.
- Com é que sabes isso?
- É o que toda a gente diz na aldeia. A miúda é uma jóia de pessoa, vem buscar as coisas à mercearia, faz companhia à avó, vem à farmácia buscar os medicamentos e até pede conselhos às farmacêuticas sobre os cuidados que tem que ter com os diabetes e a tensão arterial da avó.
- É. – Daniel sabia pelo menos parte da história de Maria.
Anteontem, quando ele e Maria tinham ido dar uns mergulhos à ribeira, ela parecia triste. Daniel tentou-a distrair falando sobre o que se tinha passado com o senhor Medeiros, mas ela começou a chorar descontroladamente. Daniel ficou muito atrapalhado, embora já se tenha deparado com uma mulher a chorar assim, a sua mãe no dia do funeral do pai, ele nunca se deparara com uma rapariga da idade dele naquele estado. Passou um braço sob os ombros e tentou perceber porque é que a amiga chorava. Maria desabafou tudo inesperadamente. Daniel nem teve tempo de pensar como deve ser em tudo o que Maria lhe contava.
- O que é que estás a dizer Maria? Isso não é …
- Possível? – Ela soluçou fortemente, libertando-se do seu abraço. – É possível sim! Lembras-te quando eu te disse que estava com um mau pressentimento acerca do senhor Medeiros? – Daniel acenou e de repente começou a abanar a cabeça.
- Mas isso não quer…
- Eu tinha visto tudo. Eu sonhei com o desaparecimento dele! – Grossas lágrimas caíam pela face oval de Maria. Daniel sentiu necessidade de a confortar, mas ela tinha-se afastado dele, agitando os braços nervosamente enquanto falava. – Há anos que tenho estes estúpidos pesadelos. Os meus pais não aguentaram e mandaram-me para a minha avó, para não ser enviada para um outro sitio qualquer de malucos!
- Estás perturbada com alguma coisa. – Daniel tentou aproximar-se, mas Maria afastou-se. – Tu não podes ter sonhado com o que se passou antes de acontecer.
- Mas sonhei. – Ela encostou-se a uma grande rocha. – E não fiz nada em relação a isso.
- Maria. Tu estás confusa. – Daniel tentou racionalizar aquilo que ouviu. E passou-lhe Tatiana pela mente. A perita em partidas. – Por vezes acontece…
- Não Daniel! Tu não estás a perceber. – Ela levantou-se e afastou-se mais um pouco dele. – Eu sonho com estas coisas antes de acontecerem.
- Maria, eu percebo que estejas perturbada com alguma coisa. Se não me queres contar tudo bem. Mas não esperas que eu acredite nisso, pois não?
- O quê? – Maria pareceu levar com um chapo de água gelada. – Mas é verdade.
- Eu não acredito nisso de prever o futuro seja através de uma bola de cristal, pela leitura das linhas de uma mão ou por sonhos. – Maria olhou esbugalhada para Daniel, e mais lágrimas apareceram. Ele afastou-se dela e virou-se para a ribeira. – Eu já tinha notado que hoje não estás nos teus dias. Mas se não me quiseres contar porquê, não precisas de me falar em sonhos premonitores.
- Daniel…
- Por amor de Deus. – Ele voltou a olhar para ela. – Eu gosto de ti Maria, e sou teu amigo de verdade. Mas não gosto que faças de mim parvo. – Ele foi até à rocha e pegou na sua mochila.
- Eu nunca fiz de ti parvo. Estas coisas simplesmente me têm acontecido. Não é fácil lidar com elas. E porque motivo eu te ia mentir?
- Eu não sei. Mas parece-me que estás a gozar comigo. – E afastou-se dela sem olhar uma única vez para trás. Sabendo que os olhos de Maria o queimavam por trás. Mas sentia que estava a ser gozado, vítima de uma piada tonta, provavelmente planeada com Tatiana.
A cena foi relembrada na cabeça de Daniel. Na verdade ele ainda não acreditava nos sonhos de Maria, mas foi incapaz de sossegar nessa noite, sabendo que ela poderia estar triste com ele.
- Ouviste? – A mãe agitou uma mão na frente de Daniel.
- Desculpa mãe. Estava distraído a pensar.
- Eu estava a dizer que hoje, se fores ver a Maria podia levar-lhe algumas beringelas. Temos muitas e já estão maduras. Vão começar a estragar-se se não forem comidas agora.
- Claro. Eu levo-lhe algumas.
- É verdade. O tio da Tatiana, o senhor Manuel teve um acidente de carro. Ia com a família toda e parece que ele está muito mal.
- Oh. Quando é que isso foi?
- Parece que foi de manhã cedo. Acho que a Tatiana e os pais já foram para a cidade ter com eles ao hospital.
- Tenho que falar com ela depois.
- Faz isso.
Depois de almoço, Daniel foi apanhar beringelas à horta. A ideia do acidente do senhor Manuel assombrou-o por algum tempo. Mas depois lembrou-se de Maria. Ele sabia que alguma coisa se passava com ela. Ela não era do tipo de mentir, alguma coisa devia estar a correr mal na vida dela. Mesmo influenciada pelas parvoeiras de Tatiana, Maria jamais gozaria com ele. Ela não era desse tipo. Aquela conversa do pressentimento de Maria era verdade, mas não provava nada. Mas foi isso que o convenceu de que Maria tinha mesmo um problema e de que não era uma partida. Daniel foi pedir desculpa, mas sabe que vai ter que fazer mais do que isso. Ele desconfia que ela tem algum tipo de alucinações. A avó de Maria não é o tipo de pessoa que esteja em condições de notar essas coisas. Por isso não ia ser uma grande ajuda a Daniel. Mas Daniel lembrou-se de algo que Maria tinha sempre com ela. Um caderno de capa roxa, com o desenho de uma meia-lua preta na capa. O diário de Maria. Se Maria não lhe contasse a verdade, ele iria ter que ler o diário dela.
- Isso está errado… – Daniel sussurrou para ele mesmo. Enquanto enfiava com as beringelas num saco.
- A falar sozinho? – Uma voz em tom de gozo soou.
- A pensar alto. – Daniel estreitou os olhos. – É um pouco diferente.
- Eu não costumo pensar alto. – Um rapaz musculado, alto e robusto estava encostado á parede que limitava o quintal.
- Oh. Tu pensas? – Daniel gozou.
- Não te estiques! – Rosnou o rapaz de cabelo ruivo, debruçando-se ainda mais no muro, com um dedo esticado.
- Tenho mais que fazer, do que discutir coisas óbvias contigo. – Daniel virou-lhe as costas e foi para casa, carregando o saco cheio de beringelas numa das mãos.
João era a pessoa mais irritante que ele conhecia. E tinha logo que ser seu vizinho. Na sua opinião era burro que nem uma parede, e convencido a dobrar. Ele e a sua mota eram o centro do mundo naquela sua cabeça de vento. Daniel abanou a cabeça, como a tentar afastar o João da sua mente. E voltou a concentrar a sua atenção num plano para conseguir ler o diário de Maria, sem que ela o apanhasse.
Olá Luna! Sua história está incrível de fato. É com prazer que a acompanho e desde já manifesto o desejo de, após ela conluída, ter sua autorização para publicá-la em meu blog.
ResponderEliminarPor enquanto, aproveito para informá-la que acabo de conseguir publicar meu primeiro livro de contos de terror, de verdade, em papel, por uma editora brasileira novíssima.
Estou muito feliz e espalhando a notícia para todos os amigos.
Espero poder contar com sua ajuda na divulgação.
Olha o link com todas as informações:
http://clubedeautores.com.br/book/4956--UM_SALTO_NA_ESCURIDAO
Desde já te agradeço!
Não sei se posso te mandar beijinhos então: Abraços pra vc! Rrsrssr!
Até mais!
Estou adorando essa história, vou acompanhar teu blog.
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