O sol já percorria o seu caminho pelo céu. O autocarro não ia cheio. Tatiana e Maria iam, lado a lado, conversando acerca das suas expectativas em relação aquela visita que iam fazer na cidade. Daniel ia recostado no banco atrás delas, com os phones nos ouvidos e de olhos fechados. Mas não dormia, apenas tentava esquecer os últimos acontecimentos, numa tentativa de relaxamento.
Assim que chegaram à cidade foram directamente à procura da morada do médium. Acabaram por ir ter a uma zona da cidade pouco frequentada, em que as ruas parecem um pouco abandonadas.
- Não gosto nada do aspecto disto. – Queixou-se Tatiana.
- Eu vim sozinha com a minha avó…
- Qual é o problema? – Perguntou Daniel, quebrando o silêncio em que se manteve quase toda a viagem. – É uma zona mais antiga. Aqui nem há conhecimento de problemas nem nada. Por acaso é conhecida como uma das zonas mais calmas.
- É ali. – Maria apontou para um prédio de aparência antiga, em que as paredes pareciam ter sido pintadas recentemente. – No terceiro andar. – Tatiana e Daniel pararam um de cada lado de Maria. Observando atentamente o local.
- Ninguém diria. – Comentou sarcasticamente Daniel.
- Olha, se não quiseres entrar tudo bem. – Tatiana esforçou-se para parecer calma e paciente. – Eu sei que não acreditas nestas coisas. Nem sei como…
- Eu vou entrar. – Daniel aproveitou um morador que ia sair do prédio para segurar a porta e entrar. – Vêm?
O elevador estava avariado. Tiveram que subir o lance de escadas. Tatiana começava a ficar nervosa, as mãos dela começaram a tremer. Maria notou nisso quando ela se apoiou no corrimão. Pegou-lhe na mão e puxou-a. Tatiana sentiu-se encorajada e sorriu. Daniel não se apercebeu de nada. O corredor era muito mal iluminado. A única fonte de luz piscava, num curto-circuito que preenchia todo o corredor.
O elevador estava avariado. Tiveram que subir o lance de escadas. Tatiana começava a ficar nervosa, as mãos dela começaram a tremer. Maria notou nisso quando ela se apoiou no corrimão. Pegou-lhe na mão e puxou-a. Tatiana sentiu-se encorajada e sorriu. Daniel não se apercebeu de nada. O corredor era muito mal iluminado. A única fonte de luz piscava, num curto-circuito que preenchia todo o corredor.
- Isto é um bocado assustador. – Tatiana apertou a mão de Maria.
- Conveniente. – Daniel tocou na campainha. Não obtiveram resposta. Ele inspirou impacientemente e voltou a tocar. Tatiana largou a mão de Maria e aproximou-se da porta. Ninguém respondia.
- Será que é cedo? – Tatiana aproximou o ouvido da porta.
- Provavelmente é tudo uma fantochada. – Resmungou Daniel em voz baixa. – Nem parece ser o local ideal para receber clientes. – Ele deu uma olhada em redor do corredor. – É que nem… – Ouviu-se o barulho de uma corrente a ser retirada da porta. Daniel calou-se e Tatiana saltou de susto, desencostando o ouvido. A porta abriu-se.
- Sim? – Uma mulher na casa dos trinta apareceu. Estava despenteada e com os olhos pintados de preto carregado. Vestia uma blusa decotada azul e umas calças de ganga rasgadas.
- Bom dia! – Tatiana falou. – É aqui que mora…- Ela retirou o pedaço de papel do bolso onde estava a morada. – Celeste Alfaia?
- Sim. É a própria. O que querem?
- Nós vínhamos procurar os seus serviços.
- Quem vos falou que eu faço serviços? – Ela encostou-se à ombreira da porta. Maria notou que a mulher estava descalça e que as unhas dos pés estavam pintadas de vermelho forte.
- Nós…
- Espera ai! – A mulher desencostou-se da porta e cruzou os braços. – Tu és aquela miúda do outro dia. A que veio com a avó. – Maria acenou que sim. – Eu já disse que não trato desse tipo de assuntos. E não me quero meter nisso. – A mulher ia fechar a porta, mas Daniel impediu-a, esticando o braço e colocando um pé na fisga da entrada.
- Nós não viemos pedir que envolvesse. Nós não viemos pedir para que tratasse do problema dela. – Daniel estava sério. – Nós queremos saber o que é que a Maria têm e o que é que se está a passar. – A mulher deixou de fazer força contra a porta. Daniel aliviou um pouco a força que exercia na porta para impedir que se fechasse.
- Eu não gosto de falar nisso. – Celeste disse.
- Nem nós. – Daniel falava de modo sério. – E acredito que você também não goste de falar de outras coisas. Das coisas que você diz tratar.
- Noto cepticismo em ti. – A mulher abriu a porta. Voltou a encostar-se na ombreira. – E não diria que estejas aqui por acreditares nas minhas capacidades como médium….De facto nem diria que estejas aqui por acreditares nisto. – Maria e Tatiana olharam para Daniel.
- Eu não quero perder o meu tempo…nem fazê-la perder o seu. Estamos aqui para encontrar respostas, não para falar de mim. – Daniel ficou a olhar, ainda de forma séria, para a mulher. – E não me está a parecer que tenha problemas em falar do assunto. Mas tem MEDO do assunto.
- Seria uma tola se não tivesse. – Ela lançou uma olhada para Tatiana e Maria. – Entrem. - O apartamento estava arrumado. Era pequeno e cheirava a tabaco. Um gato branco ronronava no sofá. Havia vários quadros de pinturas abstractas, castiçais e vasos com flores de plástico, exóticas.
- Sentem-se. – A mulher apontou para o sofá, enquanto ela se sentou na poltrona. – Querem alguma coisa para beber ou comer?
- Não, obrigado! – Tatiana apreçou-se a responder. Ela continuava a tremer, embora de forma menos intensa.
- Não, obrigado! – Tatiana apreçou-se a responder. Ela continuava a tremer, embora de forma menos intensa.
- Tens medo de mim? – A mulher soou desafiadora quando a questionou. Tatiana abanou a cabeça. – Parece-me que sim. – A mulher estava fixamente a olhar para os olhos de Tatiana. Tatiana congelou, os tremores desapareceram, mas Maria percebeu que até a sua respiração tinha parado. – Relaxa. Eu não faço mal a ninguém. Importam-se? – Disse apontando para o maço de tabaco. Maria e Daniel fizeram sinal que não. Tatiana estava ainda muito tensa, mas Maria já podia ouvir a sua respiração.
- Pode dizer-nos o que se passa? – Maria estava curiosa e um pouco ansiosa por saber.
- Posso. Mas não devia. – Ela deu uma passa. – Na verdade, foi aqui o rapaz céptico que me motivou a falar. – Ela debruçou-se um pouco para a frente. – Têm sido umas grandes lutas, não têm? – Ela sorriu, notando o olhar confuso de Daniel. – Céptico durante uma vida inteira. Mas tiveste que colocar de lado o cepticismo pela tua amiga. – Ela voltou a encostar-se no sofá. – Pelo menos, aparentemente. – Maria e Tatiana olharam para Daniel.
- Porque é que não devia falar disso? – Daniel estava desconfortável com a direcção da conversa e o carácter revelador desta. Tentou focar a conversa no motivo pelo que estavam ali.
- Eu não quero atrair as atenções. – Voltou a dar uma passa. – Nunca estamos sozinhos quando conversamos. – Deu um toque com o dedo no cigarro, para que a cinza caísse. – Há sempre alguém à espreita e que sabe tudo. – Voltou a dar outra passa. Os três olhavam-na. Tatiana tinha um olhar triste e assustado, Maria estava curiosa e impaciente. Daniel continuava com uma expressão séria e céptica. – Problemas com…um dos gémeos? Se não estou a interpretar mal o que percepciono. – Tatiana apertou os joelhos com as mãos. Daniel deixou escapar um olhar de surpresa e Maria ficou esperançosa.
- Sim. – Maria respondeu.
- Não vai ter muito tempo. – A mulher voltou a dar outra passa. – Vai ser esta noite. – Tatiana desmanchou-se em lágrimas. Maria apertou-lhe a mão.
- O que é aquilo que o vai apanhar?
- Não é um espírito comum. – A mulher pareceu pensativa. – Eu nem lhe chamaria um espírito. Os espíritos não conseguem criar forma do nada, precisam de uma base, um passado num corpo terreno. – Daniel bufou inconscientemente. A mulher olhou-o.
- Este é o tipo de coisa com que ninguém se quer meter. Pois pode-nos atingir fisicamente e espiritualmente. – Ela continuava com o olhar fixo em Daniel. – Não nos chega ser cépticos, nem acreditarmos que não pode fazer o que quer que tenha em mente.
- O que é essa coisa?
- Não sei o nome que lhe dão. – Ela falou baixo. – Sei que tem um grande poder. Não é algo que eu possa contactar. Provavelmente matava-me instantaneamente.
- É algum tipo de demónio?
- Não. – A mulher esmagou o cigarro no cinzeiro. – É o tipo de coisa com que um ser humano, principalmente aquele que ainda possui corpo terreno, não deve sequer pensar. É uma ordem natural e espiritual complicada. Esta espécie procura alimentar a sua energia a partir de testemunhos da morte. O medo e a tristeza que se apodera da alma perante a morte é o suficiente para atrair esta entidade.
- Não há nenhuma maneira de o impedir?
- Eu não sei. – A mulher agitou-se na poltrona. – Eu não devia mesmo falar disto. Sinto uma enorme negatividade em redor do tema. Vocês não sente o quão pesado está o ambiente aqui? – Na verdade todos sentiam. Maria e Tatiana acenaram que sim. Daniel acreditava que não passava de nervosismo devido aquela história em redor dos gémeos.
- Só vos digo mais uma coisa. – A mulher levantou-se do sofá. – Devem afastar-se daquilo. – Foi até à janela. – Mas eu sei que não o vão fazer. Portanto, o máximo que posso aconselhar é que usem rosmaninho e canela. É uma mistura poderosa para afastar coisas negativas. – A mulher voltou-se para eles. – Agora é melhor irem.
- Mas nós temos mais perguntas. Como é que essa coisa me avisa das suas vítimas em sonhos? – Maria estava de pé, aproximando-se a passos largos da mulher.
- Eu não sei. – Celeste olhou-a nos olhos. – Só te posso dizer que tens uma afinidade especial para com esta outra dimensão. Tens um dom superior ao dos médiuns habituais. Eu sinto-o em ti.
- Ãh?
- Sim. – A mulher aproximou-se da porta. – Por favor! Agora saiam. Eu já me arrisquei de mais. – Tatiana foi a primeira a sair, seguida de Maria. Quando Daniel ia a passar pela mulher e a sair ela impediu-o, segurando-o pelo antebraço.
- Se eu não tivesse as capacidades que tenho, como é que eu saberia que tu estás perdido de amores pela rapariga do cabelo encaracolado? – Sussurrou-lhe.
- Qualquer pessoa atenta o perceberia. – Respondeu-lhe.
- Mesmo que eu te diga que te apercebeste disso há quase um ano, quando ela voltou para a aldeia? – Daniel olhou-a surpreendido. – Não tenhas medo de assumir os teus sentimentos. – A mulher fechou a porta.
- Nem se despediu. – Comentou Maria, já a encaminhar-se para as escadas. Tatiana chorava agora mais sonoramente. – Tem calma. – Maria abraçou-a. Daniel seguiu-as.
Como só tinham autocarro de volta para casa às cinco da tarde, foram o resto da manhã para o jardim. Lá podiam falar à vontade sobre o assunto, sem que ninguém pudesse ouvir.
- O que vamos fazer? – Tatiana estava mais calma. Sentada de forma a abraçar os joelhos. Maria roía as unhas.
- Vamos ter que lhe fazer uma espera. – Maria deitou-se na relva, olhando para o céu. – Vamos ter que comprar muito rosmaninho e canela.
Daniel estava com as pernas esticadas apoiando-se nos braços.
- Isso só serve para afastar a negatividade. Não sei se terá efeito na “entidade”.
- Oh Daniel! O que é que a celeste te disse quando íamos a sair? – Tatiana lembrou-se.
- Contou-me uma coisa que era impossível ela saber. – Ele ficou a olhar para Maria. – Eu nunca na vida a tinha visto e ela soube daquilo como se alguém lhe tivesse contado.
- Não olhes para mim. – Maria sentou-se. – Eu não lhe disse nada sobre vocês.
- Eu não estou a dizer que lhe contas-te…
- Agora já acreditas que ela é mesmo um médium? - Tatiana desapertou os joelhos e cruzou as pernas.
- Ponho a possibilidade de que sim, mas não acredito totalmente nisso. – Ficaram em silêncio um bocado, enquanto viam um rapaz a lançar um peluche esquisito para que o seu cão o fosse buscar.
- Não chegaste a responder. O que é que ela te disse? – Perguntou Maria. Daniel não olhou para nenhuma delas, manteve o olhar no cão que corria desvairadamente com o boneco na boca, em direcção ao dono.
- Nada de especial…
- Eu vou dizer à minha mãe que hoje vamos ficar no quintal à noite para ver alguma chuva de estrelas ou assim. – Tatiana interrompeu, olhando para os amigos. – Isto é se vocês quiserem ficar de vigia comigo.
- Claro que sim. – Maria disse.
- Devíamos fazer vigia dentro de casa. É mais fácil de controlar. – Sugeriu Daniel.
- Posso convencer os gémeos a irem para o meu quarto. Eles adoram ficar acordados até tarde, podíamos fazer uma espécie de festa do pijama. A tia ia gostar da ideia, ajuda a estarem mais distraídos.
- Isso é muito de raparigas. – Daniel fez uma careta.
- Então fazemos uma maratona de desenhos animados para eles no meu quarto. – Tatiana pensou alto.
- E a tua tia vai deixar mesmo? Quero dizer, eles são crianças, achas mesmo que a tua tia concorda com uma noitada de bonecada? – Maria olhou para Daniel, um bocado incomodada com o facto de ele parecer um pouco distante dela.
- Sim, acho que sim. – Tatiana notou e encolheu os ombros a Maria. Daniel não notou nada.
- Os meus pais devem ir embora hoje. Pelo que não deve haver problema de eu ficar hoje na tua casa. A avó não costuma importar-se, embora eu não goste que ela fique sozinha com aquela idade…
- Mas se quiseres ficar com ela. Eu vou estar lá com a Tatiana. – Interrompeu Daniel sem estabelecer qualquer contacto visual.
- Sim génio. Tu que não tens qualquer tipo de ligação com esta criatura. – Disse sarcasticamente Tatiana.
- Não. Eu vou na mesma. É só uma noite.
- Ok. Então fica decidido. Eu passo por tua casa e depois vamos para lá. – Daniel disse a Maria, enquanto se levantava. - Onde vamos almoçar? – Perguntou com uma mão na barriga.
- Onde quiserem. – Disse Maria, preparando-se para levantar. Tatiana encolheu os ombros e levantou-se também.
- Onde quiserem. – Disse Maria, preparando-se para levantar. Tatiana encolheu os ombros e levantou-se também.
Aiaiaiuiui!!!!Snto a anciedade no meu estomago....Isso esta me deixando ansiosaem demasiado...O que vai acontecer?!!!!
ResponderEliminarAmei a medium*.*
Arrasou,Luna
Bjkz
╬♥╬
(^_^) Não vou dizer o que vai acontecer. Mas posso andiantar que já estou quase a acabar esta história. Quando começarem as aulas, não vou ter tanto tempo, mas não vou deixar de publicar.
ResponderEliminarbj